Domingo, 28 de Dezembro de 2008

Festa da Sagrada Família - com D.Joaquim Mendes

 

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA!

        Como é do conhecimento geral, a Paróquia do Calhariz de Benfica tem como Orago ou ponto de referência para a vida cristã dos seus fiéis, a Sagrada Família de Nazaré, ou sejam Jesus, Maria e José. Por essa razão, o D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar do Patriarcado, quis celebrar connosco esta Solenidade natalícia que comemora a Família Sagrada, por ser esta uma das duas Paróquias do Patriarcado com estas características.

        Muito antes da Eucaristia das 12,00 horas começar, e sem que ninguém tivesse pressentido a sua entrada, o Sr. Bispo esperava-nos na Igreja, em oração. Depois, na Eucaristia, benzeu um Ícone da Sagrada Família, que o Pároco colocou junto do Ambão.

 

 

Na homilia começou por situar esta festa, afirmando:

“O tempo litúrgico de Natal, em que nos encontramos, propõe-nos hoje a celebração da festa da Sagrada Família. A inserção de Deus na história dá-se numa família humana, semelhante à nossa família normal. Com este gesto, Deus valoriza e santifica a função da família humana. A Família de Nazaré, santa de modo único e irrepetível, apresenta todavia aspectos essenciais, comuns a qualquer família, como a santidade.”

Lançou por isso, a todas as famílias este repto de uma vida em santidade olhando para os modelos que temos como “nossa referência”, continuando: “A santidade, que é acolhimento do divino na própria vida quotidiana, é acessível a cada família. É um ideal a encarnar e a viver, fazendo de Jesus o seu centro e cultivando as virtudes que os textos bíblicos proclamados propõem.”

 

 

Depois a passar o conteúdo das três passagens bíblicas da Liturgia da Palavra, onde se apresentam atitudes básicas para uma vida em família, segundo Deus, vincando expressamente a necessidade de estarmos atentos à atitude de que “Deus quer honrar os pais nos seus filhos”, explicitou-o assim: “A presença de Deus orienta o comportamento humano e pede aos filhos que para além de honrarem o pai e a mãe, os amparem na velhice, não os desgostem durante a vida e se as suas mentes enfraquecerem, sejam indulgentes e não os desprezem.”

E não deixou de nos falar das responsabilidades dos pais: “As funções do pai e da mãe, diferentes e complementares, por razões naturais e funcionais, devem ser assumidas responsavelmente, para que os filhos interiorizem os valores fundamentais e tenham uma referência positiva dos papéis dos diversos membros da instituição familiar.

A crise da paternidade e a crise da maternidade são duas faces da crise actual da família.”

Ao passar pela segunda Leitura e realçando o que diz S. Paulo sobre as virtudes da vida doméstica, referiu: “Na parte doutrinal, o apóstolo S. Paulo, exorta os membros da família, doméstica e eclesial, a revestirem-se de sentimentos de misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência; a suportar-se reciprocamente a perdoarem-se quando surgem dificuldades, conflitos e acontece a ofensa. O apóstolo recomenda que se revistam de uma verdadeira caridade.

A prática destas virtudes e atitudes, no seio familiar e eclesial, são fonte de paz, conduzem à unidade com Cristo, levam à edificação recíproca, ao louvor e à acção de graças, a uma vida verdadeiramente feliz.”

 

Tendo em conta uma certa volatilidade que hoje se nota na família – todos os dias somos confrontados com separações que nos espantam – vale a pena relembrar o que o Sr. Bispo referiu sobre a relação entre os membros da família: “A relação esposa-marido e marido-esposa é recíproca e marcada pelo amor-dom que abre o próprio ser ao outro, de modo a formarem uma só ser, conforme o ideal bíblico, referido no livro do Génesis (cf. Gn 2,24).

A vida familiar construída sobre a relação marido-esposa, esposa-marido, pais-filhos e filhos-pais, segundo o apóstolo, deve ser permeada de respeito pelos direitos e funções de cada um, de delicadeza no trato, dos deveres que brotam do amor.” Vivendo esta dimensão da vida familiar, a coesão crescerá sempre mais e “nenhum vento” a poderá fazer abanar. Por isso, referiu que haveriam de cultivar-se duas colunas fundamentais: “o suportai-vos” e o “perdoai-vos”: “Com o perdão, o cristão repropõe a lógica divina que destrói a lógica da vingança, do orgulho, da prepotência, do egoísmo, do domínio de um sobre o outro.

A experiência de cada um de nós pode testemunhar como é importante o perdão na vida familiar.

Com o perdão se reabilita o outro, se estende a mão da compreensão para o fazer sair do túnel do isolamento, se lhe permite abrir a uma nova vida. E, tal como Paulo, o segredo encontra-se na Palavra de Deus: “habite em vós com abundância a palavra de Cristo”. E para que habite em nós, demos-lhe espaço, acolhimento, “e deixemos que ela modele as nossas relações, inspire os nossos sentimentos e seja critério para as nossas opções, atitudes e comportamentos.

 

Partindo da experiência da família de Nazaré, exortou as famílias a superarem as dificuldades tal como eles fizeram. E, como Maria e José, devem ter em conta a vocação e a singularidade de cada filho.” A experiência da família de Nazaré ajuda os pais a tomarem consciência da sua missão, de que não são donos dos filhos, que devem acolhê-los como um dom que Deus confia à sua guarda, acompanhá-los com delicadeza e perguntar-se: “o que será deste menino, desta menina?” “Qual o projecto de Deus sobre ele e sobre ela?” E acompanhá-lo nas realização desse projecto, que designamos por “vocação”.

 

Passou depois a referir que a sociedade é um reflexo da vida familiar: “O ideal de fraternidade humana é inconcebível se não existir a experiência da fraternidade no interior da família, ou se não existir a experiência mesma da família, dentro do quadro proposto nos textos bíblicos que escutámos.

A família é uma comunidade de pessoas, para quem o modo próprio de existirem e viverem juntas é a comunhão.

A comunhão dos cônjuges dá início à comunidade familiar, que se estende depois nos filhos, que consolidam a comunhão conjugal entre o pai e a mãe.

É imprescindível recordar, afirmar e defender a importância da família como coração e célula da sociedade, como realidade básica para o desenvolvimento da personalidade humana e para o futuro da sociedade.”

 

Terminou pedindo que cultivássemos atitudes cristãs dentro das famílias com as seguintes palavras: “Não deixemos de proclamar e defender este direito, de promover uma cultura cristã da família, como santuário da vida e do amor, indispensável para que cada pessoa possa ser amada por si mesma e aprenda a doar-se e a amar.

O empenho e o esforço em prol da família é, inseparavelmente, empenho e esforço em favor de uma nova geração capaz de edificar um mundo onde a vida seja acolhida, respeitada e cuidada com atenção. É também esforço e empenho para fazer possível uma nova época em que o amor seja puro e fiel e irradie alegria e beleza (Cf. Bento XVI, Homilia em Sidney, 20 Junho 2008) ”.